Em suas previsões estratégicas para 2021, o Gartner anunciou que a Internet dos Comportamentos (ou IoB, do inglês Internet of Behavior) é algo sobre o qual o mercado falará cada dia mais – e que talvez tenhamos que lidar como sociedade.
Em breve, a IoB será predominante. Até 2023, o Gartner prevê que as atividades individuais de 40% da população global serão rastreadas digitalmente para influenciar nosso comportamento. São mais de 3 bilhões de pessoas, e a IoB será o que tornará isso possível!
Então, o que é essa Internet do Comportamento? E quais são os benefícios que podemos esperar dela? Vamos dar uma olhada nas respostas a essas e outras perguntas abaixo!
Entendendo a IoT — Internet das Coisas
Para entender a Internet do Comportamento, é preciso primeiro entender a Internet das Coisas, a IoT. A IoT representa a interconexão entre dispositivos à internet. Essa conexão gera uma infinidade de dados de uso que podem ser utilizados por empresas para fornecer produtos e marketing mais adequado às necessidades de cada usuário.
As possibilidades são inúmeras. Um único dispositivo, como seu smartphone, fornece uma infinidade de dados sobre seus hábitos. Esses dados podem também ser conectados e cruzados com os dados de uma assistente pessoal, como a Alexa, para entender muito mais sobre o comportamento do usuário, seus interesses, gostos, os canais que mais utiliza e a forma de comprar.
As empresas estão cada vez mais usando essas informações para informar como vendem, mas nem tudo é publicidade direcionada. Os dados coletados da IoT podem ser usados por outros motivos:
- As organizações podem testar a eficácia de suas campanhas, tanto comerciais quanto sem fins lucrativos;
- Os provedores de saúde podem medir os esforços de ativação e engajamento dos pacientes;
- Os formuladores de políticas podem até personalizar o conteúdo, afetando as leis e os programas atuais.
O poder da IoT é sua escala, que já é enorme. Em 2019, tínhamos 7.6 bilhões de dispositivos conectados à internet. Até 2030, a Statista prevê que este número atinja a marca de 24 bilhões de dispositivos que farão parte da IoT.
Considere a IoT a base dessa pirâmide, reunindo os dados e talvez transformando-os em informações. A IoB, então, tenta transformar essa informação em conhecimento.
Internet do Comportamento (IoB): estendendo a IoT
As empresas que usam a IoT para nos fazer mudar nossos comportamentos não são realmente sobre as “coisas”. À medida que a IoT conecta as pessoas com suas ações, chegamos à Internet do Comportamento. Considere a IoB uma combinação de três campos:
- Tecnologia
- Análise de dados
- Ciência comportamental
Podemos dividir a ciência comportamental em quatro áreas que consideramos quando usamos a tecnologia: emoções, decisões, aprimoramentos e companheirismo.
À medida que as empresas aprendem mais sobre nós (com a IoT), elas podem afetar nossos comportamentos (com a IoB). Considere um aplicativo de saúde em seu smartphone que rastreie sua dieta, padrões de sono, frequência cardíaca ou níveis de açúcar no sangue. O aplicativo pode alertá-lo para situações adversas e sugerir modificações de comportamento para um resultado mais positivo ou desejado.
Por enquanto, as empresas usam principalmente IoT e IoB para observar e tentar mudar nosso comportamento para atingir o objetivo desejado – comprar, normalmente. Profissionais de marketing e cientistas do comportamento tendem a concordar que essa personalização é fundamental para a eficácia de um serviço. Quanto mais eficaz for um serviço, mais o cliente continuará a se envolver com ele e até mesmo alterará seu comportamento por causa disso.
A IoB influencia a escolha do consumidor, mas também redesenha a cadeia de valor. Enquanto a maioria dos consumidores indica infelicidade em fornecer seus dados “de graça”, muitos estão satisfeitos em fazê-lo, desde que lhes traga um valor agregado.
Preocupações com privacidade e segurança na IoB
A IoT em si não é inerentemente problemática; muitas pessoas gostam de ter seus dispositivos sincronizados e obter benefícios e conveniência dessa configuração. Em vez disso, a preocupação é como coletamos, navegamos e usamos os dados, principalmente em escala. E estamos começando a entender esse problema.
As consequências de segurança e privacidade são complicadas, e a segurança dos dados é uma preocupação crescente. Para muitos especialistas, a IoT é problemática devido à sua falta de estrutura ou legalidade. A abordagem IoB, interligando nossos dados com nossas tomadas de decisão exige mudanças em nossas normas culturais e legais, que foram estabelecidas antes da era da Internet e do Big Data.
A IoT não coleta dados apenas do seu relacionamento com uma única empresa. Por exemplo, uma companhia de seguros de automóveis pode consultar um resumo do seu histórico de condução. Como sociedade, decidimos que isso é justo. Mas as seguradoras também podem vasculhar seus perfis de mídia social e interações para “prever” se você é um motorista seguro – uma medida questionável.
É importante ressaltar que não são apenas os dispositivos em si. Nos bastidores, muitas empresas compartilham (vendem) dados entre as linhas da empresa ou com outras subsidiárias. Google, Facebook e Amazon continuam a adquirir software que potencialmente traz um usuário de um único aplicativo para todo o seu ecossistema online – muitas vezes sem nossa permissão. Isso apresenta riscos legais e de segurança significativos, e há pouca proteção legal em vigor para essas preocupações.
Enquanto ainda não sabemos qual formato exato a Internet de Comportamento terá no futuro (e como essas preocupações serão endereçadas), continue acompanhando o blog da Bedu.tech e fique por dentro de todas as novidades no mundo da tecnologia!